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9.

A cena é deprimente: no chão, há dezenas de corpos de mulheres que uma vez foram Sacerdotisas e que agora estão mortas. Inanna se aproxima de sua mestra.

- “Senhora, o que devemos fazer?”

- “Providencie para que todas tenham um funeral honrado. Não importa de que lado estivessem.”

As seguidoras de Tiamat começam a trabalhar. Apesar da vitória, foram poucas as Sacerdotisas que restaram.

Tiamat fica sozinha no que antes eram os aposentos da Rainha Prue. “Ela tinha razão”, pensa a Grã Sacerdotisa. “Eu fiquei obcecada pela idéia de fazer das Sacerdotisas da Lua Negra as mais poderosas entre todos no Mundo Inferior. E isso custou a vida dessas mulheres!”

Lágrimas escorrem pelo rosto marcado. Ela não pensou que se arrependeria tanto assim.

Mas Tiamat jamais deixaria escapar uma lágrima se soubesse que, num canto da caverna, Ishtar a observa.

- “Eu sempre acreditei que seus poderes eram insuperáveis” diz a Sacerdotisa, saindo repentinamente das sombras. “Você sempre pareceu tão inatingível, Tiamat. Tão segura de si... e agora está ai, chorando como uma criança. Quem diria!”

Uma expressão de ódio invade o rosto da Grã Sacerdotisa.

- “Você não passa de uma aventureira, Ishtar! Jamais teve bom senso! Se entregou à paixão por essa...”

- “Não se atreva a falar da Rainha nesse tom!” adverte Ishtar.

- “E o que você não quer ouvir? A verdade? Aquela mulher jamais foi digna de ser nossa Rainha! Você percebeu isso tanto quanto eu, mas não foi capaz de admitir!”

As palavras duras de Tiamat provocam um acesso de raiva em Ishtar.

- “Maldita! Maldita seja você e tudo que sempre fez! Você provocou essa guerra, você incitou a rebelião. Eu poderia ter controlado Prue se não fosse...”

- “Ora, não seja boba, é preciso mais do que os seus sentimentos para controlar uma Halliwell!”

- “Pois saiba que, nesse exato momento, suas últimas seguidoras estão sendo mortas pelas Sacerdotisas fiéis à Rainha. Gente desprezível como eu, Tiamat, está matando o seu séqüito de ovelhinhas!”

Tiamat sente um arrepio de pavor. Ela corre para abrir a porta e, do outro lado, vê Sacerdotisas se enfrentando: suas últimas seguidoras contra o que restou das mulheres fiéis à Rainha.

- “Ordene que parem agora, Ishtar! Ou será o fim das Sacerdotisas da Lua Negra!”

- “Pois que seja o fim. Delas... e o seu também!”

Ishtar saca seu punhal embebido em veneno, e parte para cima da Grã Sacerdotisa.

Há muito tempo, Tiamat também foi uma guerreira habilidosa. Com os anos, porém, deixou de exercitar suas habilidades e se tornou lenta. Ela sabe que o ataque de Ishtar é como uma sentença de morte.

- “Não fuja do seu destino” diz a mais nova, aproximando-se cada vez mais.

Tiamat se concentra. Ela tem que pensar rápido. Quando Ishtar avança com a arma em punho, ela não revida: apenas segura a mão da agressora e a vira contra o corpo da jovem Sacerdotisa. O próprio peso de Ishtar faz o resto, cravando o punhal em seu estômago.

- “Você teve a força, Ishtar. Mas jamais teve sabedoria...” diz a Grã Sacerdotisa, observando com olhos frios a morte da sua oponente.

Ishtar se contorce de dor. Surpreendida pelo contra-ataque, percebe que não tem muito tempo de vida.

- “Eu... amava Prue com todas as minhas forças...”

- “Eu sei disso” diz Tiamat, amparando o corpo da jovem Sacerdotisa até o suspiro final.

Delicadamente, Tiamat deixa o corpo sem vida de Ishtar no chão. Depois caminha até a porta, para constatar o que tinha já visto tempos atrás em sua premonição: não há vida na caverna das Sacerdotisas. As mulheres mataram umas às outras, até que não restasse mais ninguém.

Dessa vez não há necessidade de conter as lágrimas. Tiamat caminha entre os corpos. Seu vulto desaparece entre as sombras das cavernas do Mundo Inferior, para nunca mais voltar.

10.

- “Melinda Warren, os anciãos vão ouvir o que você tem a dizer agora.”

Melinda se levanta e vai até o meio do círculo, na sala de conferências. Ela se aproxima de Prue e pega uma de suas mãos.

- “Eu prometo fazer o melhor que puder.”

- “Obrigada!” agradece Prue.

Depois, Melinda se volta para os anciãos.

- “Senhores. Talvez muitos de vocês acreditem que eu não preciso repetir os acontecimentos da história recente, tão bem colocados pela acusação. No entanto, na existência mágica como na terrena, a verdade muitas vezes é apenas uma questão de ponto de vista.”

Um dos anciãos se levanta.

- “Minha cara, que a sua tataratataratataraneta tenha escolhido se tornar um demônio não é questão de ponto de vista!”

- “Com todo o respeito... o senhor poderia me dizer qual o caminho para transformar um humano bem-aventurado em Anjo Branco?”

- “Onde quer chegar?”

- “O Senhor saberá, assim que me responder.”

- “Bem, após a morte nós trazemos esse espírito para o Mundo Superior e o intruímos nas artes da cura e da magia.”

- “Se vossa intenção era transformar Prue Halliwell em Anjo Branco, por que ela foi isolada, e não trazida para cá como os outros?”

- “Porque ela era uma rebelde! Queria voltar para o mundo dos humanos a qualquer custo, só se preocupava em tentar entrar em contato com as irmãs! Se recusava a aceitar a Morte, e a deixar o passado para trás!”

- “E isso não foi suficiente para perceberem que ela não tinha vocação? A recusa da Morte é um processo muito comum entre os humanos! Porque simplesmente não a deixaram descansar junto de nós, ancestrais? O tempo faria o resto!”

- “Ora, ela era muito poderosa para se transformar apenas em um... em um fantasma! Como Anjo Branco, Prudence Halliwell poderia ter protegido e orientado muitas bruxas!”

- “Mas vocês não podem obrigar ninguém a querer isso! Vocação é vontade, e vocês negaram a vontade de Prue, provocando nela revolta e indignação. Vocês, anciãos, praticamente a empurraram para o junto dos demônios!”

O desconforto entre os anciãos é evidente. Todos se olham, constrangidos. Piper e Phoebe estão tensas.
Mas Melinda sabe que, no caso de Prue, a melhor defesa é o ataque.

11.

Henry não consegue evitar o tombo ao materializar-se na sala de seu próprio apartamento. Ele já havia orbitando antes, com Paige, mas nunca tinha viajado num arco-íris com uma pequenina leprechaun.

- “Ouch!”

- “Para o marido de uma bruxa, você é bastante desajeitado”, diz a babá.

- “E você não é exatamente... confortável!”

Mina faz uma careta e começa a vasculhar o local, tirando gavetas inteiras do lugar e jogando-as no chão.

- “Ei, o que você está fazendo? Essa é a minha casa!”

- “Então você deve saber onde ela guarda. Vá pegar logo, que não temos muito tempo!”

- “Do que você está falando? O que você quer saber onde a Paige guarda?”

- “O Ahnk, obviamente! Onde está?”

- “O... quem?” diz Henry, confuso.

- “O Ahnk que dona Paige herdou, oras! É um antigo artefato egípcio que fica dentro de uma caixinha."

- "Nunca ouvi ela falar nisso!"

- "Mas você já deve ter visto muitos desenhos de ahnks. Eles eram comuns nos escritos e nas obras de arte do Egito Antigo. No entanto, apenas um Ahnk é o original: aquele que está com a dona Paige. Ela falou algo sobre a escrivaninha, onde é?”

Henry conduz a leprechaun até o escritório.

- “Aqui!” vibra Mina, encontrando o que procurava no fundo de uma das gavetas. “Nessa pequena caixa está tudo que a sua mulher precisa para voltar ao normal. Nos menores frascos, os melhores conteúdos, nisso você já ouviu falar?”

Henry não pode evitar o sorriso diante do convencimento da babá.

- “Venha, vamos voltar”, ela diz. “Temos muito que fazer!”

12.
No Mundo Superior, Melinda continua a fazer a defesa de Prue.

- “Não estou querendo isentar de culpa minha descendente. Nós compreendemos que ela errou. Mas é preciso definir a gravidade do seu erro, para que não se cometa uma injustiça. Em vida, Prudence Halliwell salvou a vida de muitos inocentes. Eliminou dezenas de demônios perigosos, agindo assim em defesa de milhares de pessoas. Sua coragem a levou a dar a própria vida pela missão que honra todas nós, bruxas Warren.”

Prue olha para Melinda, cheia de esperanças. A ancestral está ganhando terreno.

- “Senhores, olhem para Prue. O que são capazes de ver no rosto dela? Eu vejo arrependimento. Um demônio cruel estaria aqui sentado, sem lutar ou tentar escapar, esperando resignado pelo próprio destino?”

Melinda percebe que pode virar o jogo. Os anciãos estão confusos e cochicham entre si. Já não há mais tanta certeza sobre a condenação de Prue.

Mas a acusação não pretende deixá-la avançar.

- “Com sua permissão” diz o promotor, “todos nós sabemos do bem que Prudence fez em vida. Não é isso que está em julgamento. Se alguém comete um crime, não importa se foi bom na infância, na adolescência... deve pagar por aquele crime que cometeu”.

O promotor continua:

- “Essa mulher chamou para si o título de Rainha de uma seita demoníaca. A defesa dirá que foi um momento de fraqueza... mas eu lembro que, nessa condição, ela usou o seu poder de forma infame e vergonhosa, convencendo humanos comuns a se transformarem em demônios!”

- “Mas ela tinha sido drogada pelas Sacerdotisas com o tônico do Mal! Além disso, tinha estado há pouco sob o efeito do Vazio. Nessas condições, Prue não respondia pelos próprios atos!”

- “Ora, mesmo depois de parou de tomar o tônico, ela prosseguiu com as maldades, e pior: atacando a própria família! Ou você nega, Prue Halliwell, que tentou matar sua irmã mais nova?”

Prue fica confusa, desnorteada. Sente que está num beco sem saída.

- “Sim!”, continua a acusação, “Nesse mesmo momento em que conversamos, Paige Matthews, uma bruxa e Anjo Branco que nunca se recusou a cumprir suas funções, sofre pelo feitiço lançado por ninguém menos que a sua irmã mais velha! Existe alguma defesa para isso, senhora Melinda Warren?”

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